Colômbia nega ter mandado matar Dom e Bruno

e diz ter ‘relação comercial’ com pescadores no AM, segundo delegado

Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia, foi preso na quinta-feira por uso de documento falso. Segundo a polícia, ele compareceu espontaneamente a delegacia.

Preso no Amazonas, Rubens Villar Coelho, conhecido como “Colômbia”, negou envolvimento nas mortes do indigenista Bruno Pereiro e do jornalista Dom Phillips. Em depoimento à Polícia Federal, na quinta-feira (7), o suspeito disse que tem apenas “relação comercial’ com pescadores da região do Vale do Javari, onde as vítimas foram mortas.

As informações são do superintendente da Polícia Federal (PF) no Amazonas, Alexandre Fontes, que falou em entrevista de imprensa em Manaus, no fim da manhã desta sexta-feira (8).

Durante a coletiva, realizada na sede da PF-AM na capital, o delegado explicou que Colômbia compareceu espontaneamente à sede da Polícia Federal em Tabatinga, cidade que fica perto de Atalaia do Norte, região onde Bruno e Dom foram mortos.

Delegado da PF no Amazonas, Eduardo Fontes, durante coletiva nesta sexta-feira, em Manaus.  — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Delegado da PF no Amazonas, Eduardo Fontes, durante coletiva nesta sexta-feira, em Manaus.

Segundo informações obtidas com exclusividade pela Rede Amazônica, ele foi até a delegacia para afirmar que não teria envolvimento com os assassinatos do indigenista e do jornalista.

“”Ele nega veementemente qualquer participação no crime [envolvendo o duplo homicídio de Bruno e Dom]”, afirmou o delegado.

No momento da identificação na delegacia da PF, agentes constataram que o documento apresentado por “Colômbia” era falso. Ainda de acordo com fontes da PF, Rubens Villar teria pelo menos mais dois documentos falsos, um do Brasil e outro da Colômbia.

Apesar de Colômbia ter sido preso por uso de documento falso, a PF agora investiga se ele tem relação com a pesca ilegal no Vale do Javari, possível motivação dos assassinatos de Bruno e Dom.

Fontes da PF afirmam que Jeferson da Silva Lima e os irmãos Amarildo e Oseney da Costa de Oliveira, presos suspeitos de envolvimento nas mortes do indigenista e do jornalista, e os cinco indiciados na ocultação dos cadáveres seriam empregados de Colômbia.

No entanto, segundo a PF, o homem afirma que possui apenas relações comerciais com pescadores da região. Ele também nega relação com a pesca ilegal.

“Ele diz que compra pescados que são lícitos, e que possui uma relação comercial com alguns pescadores ali da região. Então, estamos apurando se existe apenas uma relação comercial, ou se há pesca ilegal onde ele efetivamente participa e financia. Então, tudo isso é objeto de investigação que está em andamento”, disse Fontes.

Embora relatos de moradores da região indiquem que Colômbia possa ser mandante dos assassinatos de Bruno e Dom, na coletiva desta sexta, o delegado da PF não confirmou a informação nem apontou um possível mandante.

Bruno e Dom foram mortos no dia 5 de junho, em Atalaia do Norte. Até o momento, apenas Amarildo, Oseney e Jeferson estão presos suspeitos de participação direta no duplo homicídio. Amarildo e Jeferson já confessaram o crime à PF e à Polícia Civil do Amazonas.

Nesta sexta, o delegado da PF-AM afirmou que as investigações do caso continuam. Em entrevista à Rede Amazônica, Alexandre Fontes já disse, anteriormente, que o crime pode ter um mandante.

“Realizamos a reprodução simulada dos fatos, e agora estamos aguardando o resultados dos laudos que vão ser realizados pela nossa perícia. Paralelo a isso, seguimos aprofundando as investigações para ver se existem mais pessoas que participaram ou não desse evento criminoso, para ver se existe um mandante do crime, e para descobrirmos a real motivação”, pontuou o delegado, na coletiva desta sexta.

Uma vigília foi realizada em São Paulo no dia 23 de junho para homenagear Bruno Pereira e Dom Phillips — Foto: Carla Carniel/Reuters

Uma vigília foi realizada em São Paulo no dia 23 de junho para homenagear Bruno Pereira e Dom Phillips

Pesca ilegal

O nome de “Colômbia” vem sendo citado por moradores desde o início das investigações do caso. Há relatos de que ele é chefe de uma quadrilha de pesca ilegal na região da Terra Indígena Vale do Javari, que tem parte do território dentro da cidade de Atalaia do Norte.

Amarildo, a família dele e Jeferson são pescadores na região, e há suspeita de que os assassinatos de Bruno e Dom tenham relação direta com a pesca ilegal, já que o indigenista combatia crimes ligados ao meio ambiente no Vale do Javari.

Reconstituição do crime

Ao longo da semana passada, a PF e a PC realizaram a reconstituição dos fatos relacionados ao crime.

Durante os trabalhos, Amarildo e Jeferson foram levados à casa de Oseney da Costa de Oliveira, o “Dos Santos”, irmão de Amarildo. A residência fica perto da área onde os corpos de Bruno e Dom foram encontrados.

Também há relatos da participação de uma testemunha no segundo dia de reconstituição. Na ocasião, os peritos refizeram o momento em que Amarildo e Jeferson perseguiram e alcançaram a lancha que transportava Bruno e Dom, no Rio Itacoaí, e atiraram nas vítimas.

Fontes g1.globo.com/am/amazonas

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