Defesa Civil já monitora 15 áreas na zona urbana e 17 na zona rural da capital com risco de serem atingidas pela cheia deste ano.
O aumento do nível dos rios já preocupa moradores de áreas próximas a igarapés em Manaus. Temendo uma cheia maior que nos outros anos, o esmerilhador Márcio Janison Teixeira, de 34 anos, que mora em uma palafita com a família, na Zona Oeste, já guarda madeiras para elevar a casa, se for preciso.
Ao G1, o morador contou que havia comprado madeira para construir um pátio para a casa. Entretanto, ele disse que se assustou com o nível que a água e teve que mudar os planos que tinha para o material.
De acordo com a Defesa Civil, 15 áreas na Zona Urbana e 17 áreas na Zona Rural da cidade com riscos de ser atingidas pela cheia já são monitoradas pelo órgão. O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) prevê que a capital amazonense sofra com inundação severa por conta da cheia deste ano.
Márcio mora nas margens do Igarapé do Franco, no bairro São Jorge, com a esposa, o filho de 1 ano e três meses e a cunhada. Eles moram no local há um ano e meio.
“Estamos na expectativa e orando para Deus não deixar alagar a nossa casa. Se não tivermos a ajuda das pessoas, tem a madeira ali em baixo, vou tentar fazer ao menos uma maromba. Era para fazer uma área aqui do lado, mas se for preciso, vamos ter que cancelar lá para aumentar a casa”, disse o esmerilhador.

Teixeira contou que, no início de abril de 2020, o nível do rio no igarapé estava muito abaixo de onde já está neste ano. Com este cenário, ele contou que os moradores estão apreensivos para o pico da cheia.
“Ano passado, a água tava muito lá para baixo. Fizemos até um culto mais lá para baixo, em terra firme ainda. Ainda não tinha nem subido a água aqui para cima, nessa mesma data. Agora, olha como está. Significa que essa enchente vai ser muito maior do que a do ano passado. Já chegou quase aqui na ponte”, comentou.
Segundo Teixeira, os moradores da localidade esperam por ajuda de órgãos que possam apoiar as pessoas caso o rio atinja as casas. “Pedimos ajuda, porque moramos aqui não é porque queremos. É porque precisamos mesmo. É a moradia que temos”, afirmou.

Áreas em alerta
Bairros da Zona Urbana que devem ser afetados:
- Tarumã
- Mauazinho
- São Jorge
- Educandos
- Raiz
- Betânia
- Presidente Vargas
- Colônia Antônio Aleixo
- Aparecida
- Centro
- Santo Antônio
- Cachoeirinha
- Glória
- Compensa
- Puraquequara
Comunidades da Zona Rural que devem ser afetados:
- Nova Canaã do Aruau
- São Francisco do Aruau
- Lindo Amanhecer
- São Sebastião do Cuieiras
- São Francisco do Chita
- Bela Vista do Jaraqui
- Nova Jerusalém do Minpidiau
- São Sebastião do Tarumã-Mirim
- Agrovilla
- Cueiras do Tarumã-Açu
- Nova Esperança do Apuau
- Santa Isabel do Apuau
- Nova Aliança do Apuau
- União e Progresso
- São Francisco do Tabocal
- São Raimundo
- Assentamento Nazaré
Apoio às áreas afetadas
Após a divulgação do alerta da cheia, a Defesa Civil de Manaus anunciou que um comitê de pronta-resposta foi criado pela Prefeitura de Manaus e trabalha em um plano de ações emergenciais para minimizar os impactos da cheia aos moradores de áreas afetadas pelo Rio Negro.
“Como há uma previsão de alto índice de chuva para os próximos dias, também estamos trabalhando para que o comitê atue em regime de plantão, para atender as ocorrências neste período chuvoso”, enfatizou o secretário municipal chefe da Casa Militar, tenente William Dias.
A conferência que divulgou o alerta foi realizada de forma on-line e mostrou um prognóstico do nível máximo e mínimo de como será a cheia, para que a Defesa Civil do Estado e município façam um planejamento das ações de prevenção, preparação, resposta e recuperação dos locais que podem ser atingidos.

“Neste primeiro momento, foram passados os dados com base no comportamento dos rios nos últimos meses e a quantidade de chuva esperada para os próximos três meses. Com isso, há um planejamento para trabalharmos com a cota acima de 29 metros, que classifica uma cheia extrema na cidade, com vários pontos de alagamento. Comparada à cheia histórica de 2012, ainda há uma probabilidade pequena de atingirmos a cota máxima registrada na capital”, disse o assessor técnico da Defesa Civil, coronel Fernando Júnior.
As ações definidas pelo comitê, segundo a Defesa Civil, são de levantamento e monitoramento das áreas afetadas, construção de passarelas, entrega de donativos, limpeza dos ambientes poluídos, descontaminação de vias públicas no centro comercial de Manaus, a desratização e desinsetização dos bairros.
Na quinta-feira (8), a Defesa Civil do município informou que iniciou a construção de aproximadamente 500 metros de ponte no bairro Mauazinho, na Zona Leste de Manaus, com o intuito de minimizar os impactos da cheia.
Fontes G1amazonas.com